Integrantes dos projetos Giro Inclusivo e BioMob visitaram, nesta quarta-feira (17/01), o Santuário Nacional de Aparecida. Este é o terceiro passeio organizado pelas entidades, que atuam em prol da conscientização para acessibilidade da pessoa com deficiência física. Ao todo oito cadeirantes participaram da ação, que incluiu atrativos turísticos como os Bondinhos Aéreos de Aparecida.
“É um passeio com o intuito não só de lazer, mas de empodeiramento da pessoa com deficiência, saber que ela pode vir para a cidade e que vai ser bem recebida. Trazer esse número de cadeirantes para o passeio no Santuário é importante para a população tomar ciência de que a pessoa com deficiência é cidadão comum como qualquer outro, que tem vontades e direitos”, contou Luciana Trindade, presidente da Giro Inclusivo e Conselheira Municipal de Mobilidade e Transporte em São Paulo.
Sócio fundador do projeto BioMob, aplicativo que avalia a acessibilidade de pontos turísticos, Valmir de Souza enfatiza o atendimento dos colaboradores dos Bondinhos. “A gente traz os deficientes onde existe o que chamamos de acessibilidade atitudinal, quando as pessoas atendem as pessoas com deficiência como qualquer outra, e isso a gente encontra aqui”.
Passeio acessível
Seguindo os parâmetros de acessibilidade estabelecidos para todo o complexo do Santuário Nacional, os Bondinhos de Aparecida contam com quatro cabines adaptadas, rampas de acesso, elevadores e banheiros adaptados nas estações Santuário e Morro do Cruzeiro. “Me senti muito bem acolhida e os bondinhos têm uma boa articulação, acessibilidade e atendimento tudo bem monitorado. Achei muito legal e pretendo voltar”, elogiou a cadeirante Lucinélia Almeida, de 43 anos.
Voluntária na Giro Inclusivo, Caroline Polzatto, estudante de 23 anos, não conhecia Aparecida. Ela aprovou o passeio e disse que agora quer voltar com o namorado, que é cadeirante. “Achei muito bom, um lugar feito pensando nas pessoas com deficiência, tem rampas que ajudam na acessibilidade deles, os funcionários estão sempre prontos para auxiliar. Futuramente quero vir com meu namorado, quero que ele ande de bondinho e sinta a emoção que eu senti hoje, acho que ele vai gostar muito!”.
Brasil acessível
O passeio em Aparecida marcou o início das atividades dos projetos em 2018, que incluem o lançamento da campanha “Brasil acessível”, idealizada pelo BioMob. Serão visitadas e avaliadas as principais cidades do país, principalmente as turísticas, consideradas exemplos a serem seguidos por outros municípios.
“A campanha trata da conscientização do comércio e do poder público, enaltecendo as boas iniciativas. Todos que se preocuparam com acessibilidade irão receber um prêmio no final de 2018 e quem não tem acessibilidade vai se espelhar nessas atitudes e receber orientações”, explica Valmir.
Segundo ele, uma cartilha de boas práticas e adaptações razoáveis está sendo elaborada para auxiliar gestores, poder público e sociedade civil a se conscientizarem sobre o papel de cada um na promoção da acessibilidade nas cidades e estabelecimentos. Valmir destaca ainda que o Brasil possui 45 milhões de pessoas com deficiência, quase um quarto da população, e que elas não precisam ser incluídas e, sim, terem oportunidades.
“Acessibilidade é autonomia, é poder ir até um local sozinho. Eu costumo dizer que as cidades são deficientes, não as pessoas. E a responsabilidade não pode ser jogada só nas costas do poder público, a maioria dos problemas de acessibilidade é da iniciativa privada, que precisa enxergar o deficiente como um consumidor qualquer”, salienta.
Texto: Hyanne Patrícia